sexta-feira, 24 de abril de 2009

A INVEJA


A Inveja


“- Invejais os prazeres dos que vos parecem os felizes no mundo. Mas sabeis, por acaso, o que lhes está reservado? Se não gozam senão para si mesmos, são egoístas e terão de sofrer o reverso. Lamentai-os, antes de invejá-los! Deus às vezes permite que o mal prospere, mas essa felicidade não é para se invejar, porque a pagará com lágrimas amargas. Se o justo é infeliz é porque passa por uma prova que lhe será levada em conta, desde que a saiba suportar com coragem. Lembrai-vos das palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados”.
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto.
Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos.
Parte da resposta à pergunta 926)

Com um pouco de observação de nós mesmo, facilmente reconheceremos as manifestações de inveja que, até mesmo de forma sutil, podem limitar o necessário esforço que devemos desenvolver para elevar o padrão dos nossos sentimentos. A inveja reflete a fragilidade em que o nosso espírito ainda vive, deixando-se consumir em desejos inconsistentes, até mesmo ilusórios, principalmente de ordem material, em lugar de lutar pelas conquistas dos valores eternos que enobrecem o espírito.
É ela resultante de nossa limitada compreensão da lei de causa e efeito, aplicada a nós mesmos, segundo a qual as atuais condições da nossa existência, escolhidas e programadas na Espiritualidade, são as que melhores resultados nos podem proporcionar no resgate dos desacertos do passado. Então, às vezes, momentaneamente enfraquecidos, esquecidos da luta que selecionamos ao programarmos essa existência, caímos nas teias dos desejos mais recônditos, refletindo as reminiscências de vidas que tivemos em existências anteriores.
Interessante é que, ao constatarmos, nos outros, algo que desejaríamos possuir, manifestamos uma vibração de ódio gratuito para com eles, como se fossem os culpados da nossa condição precária, da remuneração baixa no trabalho material, ou de qualquer outro aspecto limitante dentro das dificuldades em que vivemos.
Vivemos no permanente erro de sempre culpar alguém pelos males que sofremos como fuga a um olhar corajoso para dentro de nós mesmos, onde encontraríamos as causas, remotas ou próximas, dos tormentos de hoje.

Vejamos as características mais comuns da inveja:

a) Desejo manifestado dentro de nós de possuir algo que vemos em alguém ou na propriedade de alguém;
b) Crítica a alguém que pouco faz e muito possui, comparando sua posição com os sacrifícios que a vida nos apresenta;
c) Estados de depressão, causando tristeza, sofrimento, inconformação e revolta com a própria sorte;
d) Sentimento penetrante e corrosivo que emitimos quando assim olhamos para outrem, nos deixando entregues a ódios infundados, por deterem o que ambicionamos;
e) Sentimento destruidor da resignação, da tolerância, da conformação e da fé, que devemos alimentar em nossos corações nas ocasiões de penúria material;
f) Resultado do apego, ainda presente em nós, aos valores transitórios da existência, tais como: posição social, objetos de uso pessoal, bens materiais, recursos financeiros.

O próprio conhecimento popular já definiu o conceito de “mau olhado”, que, ao ser dirigido por determinadas criaturas, a tantos causa prejuízos em seus bens materiais, quando não o mal-estar e a indisposição. É a vibração que o invejoso emite de tão forte envolvimento negativo, que, ao atingir alguém desprotegido e desprevenido, realmente pode provocar vários males.
Muito cuidado, portanto, com os sentimentos de inveja que venhamos a emitir para quem quer que seja lembrando sempre que colheremos, para nós mesmos, todo o mal que aos outros provocamos.

TEXTO DE NEY PRIETO PERES(MANUAL PRÁTICO DO ESPÍRITA)

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