quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

LINDO CASO DE CHICO XAVIER!



Pedindo esmola para enterrar o ex-patrão

Chico levantara-se cedo e, ao sair, de charrete, para a Fazenda, encontra-se no
caminho com o Flaviano, que lhe diz:
- Sabe quem morreu?
- Não!...
O Juca, seu ex-patrão. Morreu na miséria, Chico, sem ter o que comer...
- Coitado! E Chico tira do bolso um lenço e enxuga os olhos.
- A que horas é o enterro?
Creio que vão enterrá-lo a qualquer hora, como indigente, no Caixão da
Prefeitura, isto é, no rabecão...
Chico medita, emocionado, e pede:
- Flaviano, faça-me um favor: vá à casa onde ele desencarnou e peça para
esperarem um pouco. Vou ver se lhe arranjo um caixão, mesmo barato.
Flaviano despede-se e parte.
Chico desce da charrete. Manda um recado para seu Chefe.
Recorda seu ex-patrão, figura humilde de bom servidor, que tanto bem lhe
fizera. E ali mesmo, no caminho, envia uma prece a Jesus:
"Senhor, trata-se de meu ex-patrão, a quem tanto devo; que me socorreu nos
momentos mais angustiosos; que me deu emprego com o qual socorri toda a família;
que tanto sofreu por minha causa.
Que eu lhe pague, em parte, a gratidão que lhe devo. Ajude-me, Senhor".
E, tirando o chapéu da cabeça e virando-o de copa para baixo, à guiza de sacola,
foi bater de porta em porta, pedindo uma esmola para comprar um caixão para
enterrar o extinto amigo.
Daí a pouco, toda Pedro Leopoldo sabia do sucedido e estava perplexa se não
comovida com o ato de Chico.
Seu pai soube e veio ao seu encontro, tentando demovê-lo daquele peditório...
- Não, meu pai, não posso deixar de pagar tão grande dívida a quem tanto
colaborou conosco.
Um pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo, é inteirado da nobre ação
do Chico, a quem estima.
Esbarra-se com ele:
- Por que tanta pressa Chico?
- Meu Nêgo, estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.
- Seu Juca!? Já soube. Coitado, tão bom! Espere aí, então, Chico. Tenho aqui
algum dinheiro que me deram de esmola ontem e hoje.
E despejou no chapéu do Chico tudo o que havia arrecadado até alí...
Chico olhou-lhe os olhos mortos e sem luz. Viu-os cheios de lágrimas. Comoveuse
mais.
- Obrigado, meu Nêgo! Que Jesus lhe pague o sacrifício.
Comprou com o dinheiro esmolado o caixão.
Providenciou o enterro. Acompanhou-o até o cemitério.
E já tarde, regressou à casa.
Tinha vivido um grande dia.
Sentou-se à entrada da porta.
Lá dentro, os irmãos e o pai, observavam-no comovidos.
Em prece muda, agradece a Jesus.
Emmanuel lhe aparece e sorri. O sorriso de seu bondoso Guia lhe diz tudo.
Chico o entende.
Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de sí um testemunho de humildade, de
gratidão e de amor ao Divino Mestre.
Extraído do livro "Lindos Casos de Chico Xavier" - Ramiro Gama - Ed. Lake - 4ª

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