segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vingança



“Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: “Perdoai aos vossos inimigos”, que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita, como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza.”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Capítulo XII. Amai os Vossos Inimigos. A Vingança – Júlio Olivier.)


- Como se apresenta em nós a vingança?
- A vingança se manifesta no nosso íntimo como uma reação carregada de forte emoção, por uma ofensa a nós dirigida. São também as formas dos revides, em discussões acaloradas, quando trocamos grosserias, os propósitos violentos de vingar crimes cometidos a familiares. Em geral, são as emoções muito fortes do ódio que levam as criaturas a atos criminosos de vingança.


- É comum o sentimento de vingança?
- Quem é agredido por palavras ou ações, dificilmente passa por tais situações sem revidar aos impropérios ouvidos ou às pancadas recebidas. Estamos longe de oferecer à outra face àquele que nos bata numa. A atitude, a disposição íntima de quem é agredido, para ser fiel ao ensinamento evangélico, deve se revestir de uma coragem muito grande, e de um autocontrole gigantesco. O que em geral ocorre é a perda total do equilíbrio, desencadeando-se lutas corporais, ou discussões em altas vozes, com palavras de baixo calão.


- Como, nos nossos dias, podemos vencer os impulsos de vingança?
- O bom combate se inicia dentro de nós e as conquistas, mesmos quando lentamente obtidas, vão aumentando nossa capacidade de perdoar. Para avaliar nossa atual condição, observemos-nos diante das situações em que alguém nos fira, até mesmo fisicamente, e analisemos os sentimentos que ainda despontam em nossa alma, a intensidade deles, até que altura eles nos dominam e até onde conseguimos esquecer o fato e as criaturas que nos atingiram. Se os guardamos por muito tempo, e alimentamos as emoções desagradáveis, é sinal de alerta, que nos deve levar à meditação na tolerância e a redobrar nosso esforço no perdão, prosseguindo para melhores resultados.


- Como justificar o combate à vingança?
- Para não sermos infratores às leis de causa e efeito, de ação e reação, para não fazermos ao próximo o que não gostaríamos que alguém nos fizesse. Pelo sentido de saldar os erros cometidos no passado, não mais os repetindo na atual existência. E pelo amor Universal que a todos une, numa confraternização de verdadeiros irmãos que já receberam os exemplos dignificantes de um Mestre com Jesus.
“A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XII. A Vingança – Julio Oliver).
Embora não sejam as ocorrências de vingança revestidas de tanta crueldade como nos tempos bárbaros, parece acontecer, em nossos dias, com surpreendente freqüência, como resultado das ofensas não perdoadas: as mortes por vingança, os crimes por desonra em casos passionais, os ódios incontidos, fazendo vítimas, etc.
“O homem do mundo, o homem venturoso, que por uma palavra chocante, uma coisa ligeira, joga a vida que lhe veio de Deus, joga a vida do seu semelhante, que só a Deus pertence, esse é cem vezes mais culpado do que o miserável que, impelido pela cupidez, algumas vezes pela necessidade, se introduz numa habitação para roubar e matar os que se lhe opõem aos desígnios. Trata-se quase sempre de uma criatura sem educação, com imperfeitas noções do bem e do mal, ao passo que o duelista pertence, em regra, a classe mais culta.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XII. Item 15. O Duelo – Agostinho)

Poderá hoje, entre os seguidores da Doutrina dos Espíritos, ou entre seus leitores, constitui-se em grande dilema a questão que deriva dessa abordagem do espírito de Santo Agostinho, ou seja, o da defesa pessoal, na contingência de ser atingido por assaltantes na rua ou em sua própria casa. Deve o espírita portar armar para se defender? Preocupado com sua segurança e com a de seus familiares, no receio de serem violados na integridade física e até moral, precisam, portanto, estar prontos para se protegerem? Mesmo que essa defesa implique na morte de algum assaltante?
Entendemos que quem tem amor no coração nada deve temer. A segurança está na confiança que devemos ter na Justiça Divina, na proteção dos Amigos Espirituais, na aceitação das provas reservadas a nós e a nossos familiares, por mais cruéis que possam ser. É preferível não se arriscar em eliminar a vida de alguém, e por isso mesmo é preferível evitar o uso de armas. A Espiritualidade tem recursos muito maiores de proteção do que possamos imaginar, e os mesmos podem ser colocados em ação em frações de tempo.

Texto retirado do livro:Manual Prático do Espírita de Ney P. Peres

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muiito!
beijos ..