sexta-feira, 15 de maio de 2009

Piedade




“O sentimento que mais acelera o progresso, domando o egoísmo e o orgulho, dispondo a alma à fraternidade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade; essa piedade que vos comove até as fibras muito íntimas, diante do sofrimento de vossos irmãos, que vos leva a estender-lhes a mão caridosa e arrancar lágrimas de simpatia.”

(Allan Kardec. O evangelho Segundo o Espiritismo.
Capítulo XII. Que a Mão Esquerda Não saiba o Que Faz a Direita.
Item 17. A Piedade – Michel.)

Esse sentimento que emana dos corações sensíveis em direção aos que estão sofrendo pode refletir em nós com maior ou menor intensidade, variando dos menores lampejos de dó às comoções mais profundas.
O que nos torna mais sensíveis ao sofrimento alheio?
Quais os meios de canalizar mais corretamente esses sentimentos, em benefício daqueles que nos tocam a compaixão?
Podemos cultivar a piedade? Com que finalidade:
Essas talvez sejam algumas indagações que faríamos nessa época de tantas tribulações e de interesses imediatistas. Pensar no problema dos outros já é difícil, que dirá sentir a dor alheia.
“A piedade é a virtude que mais vos aproxima das almas aprimoradas; é a irmã da caridade que voz conduz a Deus”. (Id. ibid.)
O sentimento, que é manifestação da alma, se amplia na medida em que nos despojamos dos interesses egocêntricos, abandonamos os apegos aos nossos pertences e nos voltamos para o bem-estar dos que estão ao nosso redor. As satisfações que nos preenchem a alma transbordam do nosso íntimo, abrangendo os semelhantes, e apenas se completam quando proporcionamos a eles algum benefício. Desponta, então, dentro de nós, a devoção, e a piedade cresce, como precursora que é da caridade, a mais sublime das virtudes.
Desse modo devemos como esforço de aprimoramento, cultivar a piedade, que acelera o nosso progresso espiritual e é indicativa do nosso amor ao próximo.
Como, então, impulsionar a piedade dentro de nós?
a) Estimulando os próprios sentimentos de compaixão para com os males alheios;
b) Dirigindo nossa atenção e nosso olhar para os que convivem conosco, analisando-lhes as preocupações e os receios;
c) Dedicando mais tempo em pensar nas aflições dos que nos cercam em vez de nos absorver nas necessidades próprias;
d) Interessando-nos pelos problemas que atormentam as criaturas sem rumo, oferecendo-lhes apoio e orientação evangélica;
e) Permitindo que o nosso coração se enterneça diante das dores e tribulações de nossos semelhantes;
f) Visitando parentes, amigos e indigentes, hospitalizados ou em reclusão, levando-lhes o bálsamo pelas expressões de carinho, restaurando-lhes a esperança e a resignação com palavras de conforto;
g) Estendendo nossas mãos, em auxílio fraterno e amparo, aos que nos comovam as fibras do coração;
h) Não sufocando jamais as emoções de pena, para com qualquer pessoa, deixando-as crescer em nós e transformando-as em resultados benéficos objetivos.
“Ao contato da desventura alheia, a alma sem dúvida experimenta um estremecimento natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta penosamente. Mas a compensação é grande, quando conseguis devolver a coragem e a esperança a um irmão menos feliz que se comove ao aperto da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo umedecido de emoção e reconhecimento, se volta com doçura para vós, antes de se elevar a Deus, agradecendo por lhe ter enviado um consolador, uma sustentação.” (Id.,ibid.)

Texto de Ney P.Peres Livro: Manual Pratico do Epírita

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