domingo, 7 de dezembro de 2008

“PRECISO CUIDAR MELHOR DE MINHA PARTE ESPIRITUAL”









No primeiro final de semana de abril/08 participei de um encontro espírita onde tive a felicidade de ouvir, por um bom tempo, mensagens altamente educativas de uma entidade espiritual. A médium, com uma capacidade incomum e admirável, emprestava todo seu corpo e cérebro àquele benfeitor. Eu disse “todo o seu corpo e cérebro”, porque a mediunidade era do tipo inconsciente. As palavras brotavam límpidas e puras. Eram ensinamentos de um espírito de alto gabarito, um educador, que me emocionou e muito cooperou com o surgimento de profundas reflexões em todos nós ali presentes.



Como ocorre com boa parte dos espíritos evoluídos, aquele também gostava de – em certos instantes - brincar com as palavras. Em dado momento ele disse que os espíritas gostam de dizer: “Preciso cuidar melhor de minha parte espiritual. Tenho que ir mais ao Centro Espírita tomar passe, beber água fluida e fazer caridade”. Em poucas palavras, esse espírito amigo induziu-nos a refletir que certamente este não é o melhor caminho para evoluirmos. Primeiro porque não dá para “cuidar da parte espiritual” como se esta atitude fosse fruto de atividades dentro de uma casa espírita, ou tomando passe, ou bebendo água fluida ou exercendo a caridade. A parte espiritual nós cuidamos – ou não cuidamos – em todos os instantes de nossa vida! Pois em todos os momentos “somos” espíritos.



Reforçando: os momentos de “cuidarmos da parte espiritual” são todos os momentos, isto é, quando estamos no trabalho, quando estamos juntos á família, quando estamos no lazer, quando estamos dormindo, quando estamos dentro da casa espírita, etc., etc.



Se imaginarmos que é a freqüência assídua ao Centro Espírita que nos salva ou nos eleva, estaremos vivendo uma grande ilusão.



Mas, não podemos tomar passe? Não podemos beber água fluida? Sim, podemos. Mas simplesmente como refazimento de energia, que também é necessário.



E praticar a caridade, não é importante? Kardec não nos disse que “fora da caridade não há salvação?”. Sim, ele nos disse, mas ao mesmo tempo nos esclareceu pela questão 886 de O Livro dos Espíritos que a verdadeira caridade pode ser definida como “benevolência para com todos, indulgência para com as falhas alheias, perdão das ofensas”. Esta é a caridade que realmente “nos salva”, e não a sopa que distribuímos aos mais necessitados “para ajudá-los”, esquecendo-nos que muitas vezes os mais necessitados somos nós próprios.



Lembremo-nos sempre: a nossa evolução não é conseqüência apenas de nossas sentidas orações, mas é, prioritariamente, fruto do nosso exercício diário de auto-enfrentamento em todas as circunstâncias e situações de nossas vidas. Como disse o espírito Euríclides Formiga (*), orar sim, mas arar também:

“Se todo o trabalho é prece,

Atente ao que eu vou falar,

Que em verdade, sobre a Terra,

Orar é também arar...



Pois a oração sem suor,

Não passa, às vezes, de um grito,

Que, ecoando pelo vale,

Não se escuta no Infinito.”


texto de Alkindar de Oliveira



(*) Livro Para Sempre, Carlos Bacceli, Editora IDE

Nenhum comentário: