segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os Mensageiros

 Este texto de introdução que está no livro Os Mensageiros,é muito rico para nossa reflexão;nele Emmanuel nos faz refletir sobre a nossa expectativa e conceitos sobre o mundo que iremos habitar depois do nosso desencarne.Será que estamos preparados para a vida numa outra dimensão?O que esperamos encontrar do "outro lado"?Já estamos nos preparando aqui neste plano,para o que iremos encontrar lá?Queremos o "céu"mas estamos fazendo por merecé-lo hoje?Qual é hoje a nossa percepção da vida espiritual?Vivemos como Espíritos que somos?

 "Lendo este livro, que relaciona algumas experiências de mensageiros
espirituais, certamente muitos leitores concluirão, com os velhos conceitos da
Filosofia, que “tudo está no cérebro do homem”, em virtude da materialidade
relativa das paisagens, observações, serviços e acontecimentos.
Forçoso é reconhecer, todavia, que o cérebro é o aparelho da razão e que o
homem desencarnado, pela simples circunstância da morte física, não penetrou os
domínios angélicos, permanecendo diante da própria consciência, lutando por
iluminar o raciocínio e preparandosepara a continuidade do aperfeiçoamento
noutro campo vibratório.
Ninguém pode trair as leis evolutivas.
Se um chimpanzé, guindado a um palácio, encontrasse recursos para
escrever aos seus irmãos de fase evolucionária, quase não encontraria diferenças
fundamentais para relacionar, ante o senso dos semelhantes. Daria notícias de uma
vida animal aperfeiçoada e talvez a única zona inacessível às suas possibilidades de
definição estivesse justamente na auréola da razão que envolve o espírito humano.
Quanto às formas de vida, a mudança não seria profundamente sensível. Os pelos
rústicos encontram sucessão nas casimiras e sedas modernas. A Natureza que cerca
o ninho agreste é a mesma que fornece estabilidade à moradia do homem. A fauna
terseiatransformado na edificação de pedra. O prado verde ligaseao jardim
civilizado. A continuação da espécie apresenta fenômenos quase idênticos. A lei da
herança continua, com ligeiras modificações. A nutrição demonstra os mesmos
trâmites. A união de família consangüínea revela os mesmos traços fortes. Ochimpanzé, desse modo, somente encontraria dificuldade para enumerar os problemas do trabalho, da responsabilidade, da memória enobrecida, do sentimento purificado, da edificação espiritual, enfim, relativa à conquista da razão.
Em vista disso, não se justifica a estranheza dos que lêem as mensagens do teor das que André Luiz, endereçadas aos estudiosos devotados à construção espiritual de si mesmos.
O homem vulgar costuma estimar as expectativas ansiosas, à espera de acontecimentos espetaculares, esquecido de que a Natureza não se perturba para satisfazer a pontos de vista da criatura.
A morte física não é salto do desequilíbrio, é passo da evolução, simplesmente.
À maneira do macaco, que encontra no ambiente humano uma vida animal
enobrecida, o homem que, após a morte física, mereceu o ingresso nos círculos
elevados do invisível, encontra uma vida humana sublimada.
Naturalmente, grande número de problemas, referentes à Espiritualidade
Superior, aí espera a criatura, desafiandolhe o conhecimento para a ascensão
sublime aos domínios iluminados da vida. O progresso não sofre estacionamento e a
alma caminha, incessantemente, atraída pela Luz Imortal.
No entanto, o que nos leva a grafar este prefácio singelo, não é a conclusão
filosófica, mas a necessidade de evidenciar a santa oportunidade de trabalho do
leitor amigo, nos dias que correm.
Felizes os que buscarem na revelação nova o lugar de serviço que lhes
compete, na Terra, consoante a Vontade de Deus.
O Espiritismo cristão não oferece ao homem tão somente o campo de
pesquisa e consulta, no qual raros estudiosos conseguem caminhar dignamente, mas,
muito mais que isso, revela a oficina de renovação, onde cada consciência de
aprendiz deve procurar sua justa integração com a vida mais alta, pelo esforço
interior, pela disciplina de si mesma, pelo autoaperfeiçoamento.
Não falta concurso divino ao trabalhador de boa vontade. E quem observar
o nobre serviço de um Aniceto, reconhecerá que não é fácil prestar assistência
espiritual aos homens. Trazer a colaboração fraterna dos planos superiores aos
Espíritos encarnados não é obra mecânica, enquadrada em princípios de menor
esforço. Claro, portanto, que, para recebêlanão poderá o homem fugir aos mesmos
imperativos. É indispensável lavar o vaso do coração para receber a “água viva”,
abandonar envoltórios inferiores, para vestir os “trajes nupciais” da luz eterna.
Entregamos, pois, ao leitor amigo, as novas páginas de André Luiz,
satisfeitos por cumprir um dever. Constituem o relatório incompleto de uma semana
de trabalho espiritual dos mensageiros do bem, junto aos homens e, acima de tudo,
mostram a figura de um emissário consciente e benfeitor generoso em Aniceto,
destacando as necessidades de ordem moral no quadro de serviço dos que se
consagram às atividades nobres da fé.
Se procuras, amigo, a luz espiritual; se a animalidade já te cansou coração, lembrate
de que, em Espiritualismo, a investigação conduz sempre aInfinito, tanto no que se refere ao campo infinitesimal, como à esfera dos astrodistantes, e que só a transformação de ti mesmo, à luz da Espiritualidade Superior, tfacultará acesso as fontes da Vida Divina. E, sobretudo, recorda que as mensagens
edificantes do Além não se destinam apenas à expressão emocional, mas, acima dtudo, ao teu senso de filho de Deus, para que faças o inventário de tuas próprias realizações e te integres, de fato, na responsabilidade de viver diante do Senhor."
Emmanuel
Pedro Leopoldo, 26 de fevereiro de 1944.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O que valeu a pena hoje?



Sempre tem alguma coisa. Um telefonema. Um filme...

Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro "O Amor Acaba", diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente.

Eu tenho, há anos, isso como lema.

É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa.

Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo.

Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente.

Já para algumas pessoas, ganhar o dia é ganhar mesmo: ganhar um aumento, ganhar na loteria, ganhar um pedido de casamento, ganhar uma licitação, ganhar uma partida.

Mas para quem valoriza apenas as megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa, e seguem cultivando sua angústia existencial com carinho e uísque, mesmo já tendo seu superapartamento, sua bela esposa, seu carro do ano e um salário aditivado.

Nas últimas semanas, meus dias foram salvos por detalhes.

Uma segunda-feira valeu por um programa de rádio que fez um tributo aos Beatles e que me arrepiou, me transportou para uma época legal da vida, me fez querer dividir aquele momento com pessoas que são importantes pra mim.

Na terça, meu dia não foi em vão porque uma pessoa que amo muito recebeu um diagnóstico positivo de uma doença que poderia ser mais séria.

Na quarta, o dia foi ganho porque o aluno de uma escola me pediu para tirar uma foto com ele.

Na quinta, uma amiga que eu não via há meses ligou me convidando para almoçar.

Na sexta, o dia não partiu inutilmente, só por causa de um cachorro-quente.

E assim correm os dias, presenteando a gente com uma música, um crepúsculo, um instante especial que acaba compensando 24 horas banais.

Claro que tem dias que não servem pra nada, dias em que ninguém nos surpreende, o trabalho não rende e as horas se arrastam melancólicas, sem falar naqueles dias em que tudo dá errado:

Batemos o carro, perdemos um cliente e o encontro da noite é desmarcado.

Pois estou pra dizer que até a tristeza pode tornar um dia especial, só que não ficaremos sabendo disso na hora, e sim lá adiante, naquele lugar chamado futuro, onde tudo se justifica.

É muita condescendência com o quotidiano, eu sei, mas não deixar o dia de hoje partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010